Lello MontanherQuem nunca ouviu uma produção de rock independente? Em Maringá existem várias bandas desse estilo. Jovens que se reúnem e criam sons alternativos, sem nenhum patrocínio, apenas pelo desejo de tocar e prazer de fazer o que realmente gostam - produzir suas próprias músicas.
Uma dessas bandas popularmente conhecidas como "banda de garagem" é a Três Centavos. Formada em Campo Mourão - PR (101 km de Maringá) no final de 2004, é composta por três jovens: Barsa Ribeiro, 20, baterista, César Leandro Miguel, 21, baixista e voz, e Paulo Garrido, 21, guitarra e voz.
Em 2006 os integrantes se mudaram para Maringá, onde a Três Centavos ganhou espaço e pôde mostrar seu trabalho. A banda ainda está "engatinhando", mas já tem planos para o futuro, como gravar um CD, até 2009.
O baixista César Miguel conversou em nome da banda com o jornal Matéria Prima. Falou sobre o cenário independente em Maringá e os obstáculos que os artistas desses meios enfrentam.
Qual foi a intenção de vocês ao montarem a banda?A gente montou no começo pensando em fazer só cover de rock dos anos 60 e anos 70, que era o que mais gostávamos. Logo, começamos a com idéia de fazer música própria, só que nunca ensaiamos essas músicas. A gente só começou a mexer nelas em 2006, quando a banda estava com um tecladista e um vocalista a mais. Tínhamos trocado de nome e tudo, aí em 2007, quando eles saíram, voltamos a ser três integrantes, retomamos o nome Três Centavos e começamos a fazer música composta pelo trio. Nossa intenção sempre foi tocar apenas pelo prazer de tocar, sem interesse algum de mercado.
Qual a maior dificuldade que parte de bandas independentes têm? É juntar grana com a banda para gastar na banda. Ou seja, gastar aquilo que você ganhou para não gastar nela [banda] dinheiro você conseguiu de outro jeito. Por exemplo, o que eu ganhar de cachê, pago o combustível, a alimentação " se for show fora de Maringá - e o estúdio de gravação.
O público e o mercado fonográfico aprovam as produções independentes? O mercado fonográfico não quer nem saber disso, o que tem são as pequenas gravadoras que a gente trabalha, que nem são chamadas de gravadoras, mas sim de selos. As grandes gravadoras às vezes vêem algo independente que esteja chamando a atenção, só assim a banda é convidada para trabalhar com eles. Já o público é o seguinte: Quem não conhece nosso trabalho não quer nem saber. Os únicos interessados são pessoas que estão envolvidas no estilo e no meio em que tocamos [rock independente]. Maringá tem um público legal.
Falando não apenas da Três Centavos. Até que ponto vale a pena lutar pelo sonho de ser reconhecido? Quando a banda não começa a dar despesa. Quando a banda estiver conseguindo um cachê legal para pagar um estúdio, gravação, alguém para fazer a arte " um EP [extended play " tem quatro á oito faixas, com duração de 15 á 35 min.] ou um demo - já começa a ficar bom. Agora, não adianta você ter uma banda e fazer show apenas na cidade, será um sonho frustrado. Se quiser ver a banda funcionar, tem que tocar para mais gente, mostrar seu som para o pessoal de fora.
Você considera que a Três Centavos está sendo reconhecida em Maringá? Eu acredito que sim. Em fevereiro, por exemplo, quando tocávamos no festival na UEM [Universidade Estadual de Maringá], tinha uma menina na frente do palco cantando nossa música. Fiquei assustado, pois a gente nem tinha gravado nada, não tinha nada para ela ouvir, como é que ela sabia a letra [risos]? Estamos começando a crescer, tem gente cantando nossas músicas nos shows e eu nem sei quem é. Não é porque é independente que não seja profissional. Nós estamos com alguns shows marcados para este mês [abril]. Não é nada grande, mas ajuda. A galera do meio independente sempre está entrando em contando, uma vai dando força à outra, indicando a gente para tocar em alguns lugares. Não existe concorrência e isso colabora para nossa divulgação.
Imagem/myspace.com/trescentavos
Cartaz de divulgação da banda alternativa Três Centavos
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